[e um obrigada à minha vizinha, pelas memórias...]


enquanto estendia a roupa, senti um aroma familiar. pé ante pé, procurei a origem. espreitei por cima do muro e vi a minha vizinha, em frente a um tanque, a lavar roupa. sentei-me de costas para o muro e ali fiquei, de olhos fechados... nostálgica.

lembrei-me, num outro espaço e num outro tempo, do aroma a sabão natural ficar cada vez mais intenso, à medida que a água corria solta pelo tubo de plástico preto. com uma escova de cerdas rijas, o tanque [enorme] era bem lavado e voltava-se a encher de água para receber a próxima leva de roupa suja.

mas... antes da roupa suja, um miminho para nós, miúdos pequenos: de fato de banho vestido, toca a brincar a tarde toda, até ao sol se esconder por de trás das grandes montanhas que abraçam a pequena aldeia.

da mangueira de cor bege, desbotada pela passagem dos tempos, jorrava água transparente com cheiro a terra e um sabor indescritível [tão saborosa...].

bolas de sabão subiam pelo ar e, quando rebentavam, partículas de arco-íris espalhavam-se ao vento [quente] daquelas tardes de verão.

brincávamos tanto: espalhávamos a água toda, saltávamos de mãos dadas...

os domingos [dos verões da minha infância, lá na terra dos sonhos] eram, assim, passados... com muito divertimento, repleto de risos de criança.

hoje é domingo... um sorriso terno, uma lágrima de saudade...

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