dói o suficiente para te levantares?
haroldo dutra dias, numa palestra que ouvi, contou a história de um cão que, deitado, não parava de uivar de dor. um homem, ao ouvir o desespero do cão, pergunta ao seu tutor, a razão daquela aflição. o tutor explicou que o cão estava deitado em cima de um prego, que se cravava na carne. o homem, incrédulo, perguntou porque é que, então, o cão não se levantava? o tutor respondeu: "porque está doendo o suficiente para ele uivar, mas não está doendo o suficiente para ele se levantar". fazendo um balanço do ano que termina, só me recorre uma palavra que define bem, cada mês que se passou. não irei partilhar, aqui, a palavra porque é um palavrão feio, muito feio. mas, como disse, é a única palavra que consegue qualificar tudo o que tenho passado, desde o final de janeiro. sentia-me a afundar, a cada pôr-de-sol. quando pensava que aquela crise tinha sido a pior de todas, a seguinte mostrava que a dor conseguia, ainda, ser maior, mais agressiva, mais violenta. impla