{e da fé}


hoje é o segundo dia. depois de dois meses de dor forte, depois de mais de uma semana com dor insuportável. hoje é o segundo dia sem dor. é verdade que estou sob o efeito de medicamentos, tal como é verdade que, até sexta, nenhum medicamento acalmava a dor.

hoje dormi até às onze. um sono bom, calmo. voltei à cama, pelas três da tarde, onde estive hora e meia. não dormi, mas estava tão bem... o colchão já não estava recheado de pedras e o meu corpo sentia-se, finalmente, em paz.

durante estes últimos dois dias, tudo me parece agradavelmente novo. o trabalho, as tarefas da casa, cozinhar, brincar com os patudos, o jardim...

hoje sinto-me como se tivesse acordado de uma espécie de sonambulismo, no qual estive mergulhada, durante os últimos dois meses, onde a dor era a minha parceira, passo a passo, em cada hora, dia pós dia. noite após noite.

[por várias vezes, a palavra desistir pairou na minha mente. despedir-me do trabalho que me atiçava as dores, despedir-me da vida que insistia em ser madrasta. mas havia sempre uma voz que me dizia para aguentar um pouco mais... mais uma hora, até ao final do dia, até ao final da semana, até...]

hoje estou bem e sinto-me grata por isso. tão grata...

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